Frugalidade Extrema. A alimentação como base de saúde.

Creio que esta dica de frugalidade seja uma das mais importantes que eu poderei descrever aqui neste blog. Isto porque a alimentação é com certeza a maior causa de gastos excessivos no dia a dia da grande maioria dos brasileiros, e com certeza a maior fonte de saúde, bem estar e sustentabilidade que qualquer frugal poderia ter. É pela importância deste assunto que creio que este texto será um pouco mais denso e inclusive dividido em partes.

Antes de mais nada algumas perguntas:

Por que a grande maioria da população gasta tanto com comida e porque essa gente toda fica tão doente? 

A alimentação destas famílias é tão cara devido a grande quantidade de produtos light e de mais qualidade nutricional nos carrinhos de compra?

Se é isto, então porque nosso país atingiu recentemente os níveis mais elevados de obesidade? 

Por que mais da metade da população brasileira é constituída de obesos e os índices de colesterol, triglicerídeos, e diabetes estão lá nas alturas sobrecarregando o SUS e até os planos de saúde?

Em geral tento ser bastante prático neste blog, porém acho que este assunto merece uma reflexão mais calma. Por que gastamos tanto com comida, para ficarmos gordos e doentes quando, sem demagogia nenhuma, tem gente morrendo de fome em outros países. As vezes achamos que nossas atitudes aqui no Brasil de nada tem a ver com a molecada que morre de fome na Africa, só que não é bem assim. 

Lembra quando você era pequeno e a sua mãe mandava você comer a comida toda do prato porque tinha um monte de gente morrendo de fome na Africa? Eu lembro, e eu também lembro que eu sempre pensava: o que que vai mudar na vida dessa gente o fato de eu comer todo o meu arroz com feijão? Eles ganham um prato de comida pra cada prato limpo meu aqui no Brasil? Confesso que eu nunca entendi esta afirmação da mamãe, e ela sempre dizia que era um ato de agradecimento. Que seria injusto eu ter o meu alimento e joga-lo no lixo enquanto outras pessoas passavam fome. O que minha mãe não sabia, ou talvez sabia e não me explicava é que o raciocínio em torno desta ideia é bem mais profundo do que qualquer liçãozinha de moral. 

Se cada pessoa no mundo comesse somente o que fosse necessário para a sua saúde e bem estar, isto é, não se empanturrar feito um porco desperdiçando comida, a demanda mundial de comida diminuiria e segundo a famosa lei da demanda e oferta, os preços de cada refeição cairiam também. 

Imaginando que não exista nenhum interesse das nações mais poderosas na fome da Africa, as ações humanitárias já se tornariam mais baratas, entre diversos outros benefícios práticos.

Isto chama-se alimentar-se de forma sustentável. Da mesma forma que andar de bicicleta não salva o mundo, não desperdiçar comida também não salva ninguém, mas ajuda. Eu poderia mencionar novamente que alimentar-se conscientemente eliminaria ou diminuiria grande parte das doenças desafogando nossos hospitais. Reduziria a demanda por remédios e os nossos esforços clínicos com cirurgias plásticas e de emagrecimento.

Enfim, estas são as vantagens globais na alimentação mais consciente, porém alimentar-se desta forma implica também em diversas vantagens para você, sua saúde e o seu bolso.

Não sei na planilha de vocês, mas na minha, antes de eu fazer o grande corte no orçamento destinado a alimentação este com certeza era o meu maior gasto e eu não creio que seja diferente na mesa da maioria dos brasileiros. Qualquer brasileiro que coma em restaurantes perto do trabalho gasta no mínimo duzentos reais apenas para almoçar. Se este sujeito quer tomar café, jantar e comer alguma coisinha nos fins de semana acaba gastando quatrocentos reais (por baixo) (imaginando que ele não more com a mãe), e infelizmente comidas que não prestam são as mais gostosas e mais baratas.

A primeira regra prática do manual do frugal é: Jamais alimente-se fora de casa.

Se você quer se alimentar melhor e reduzir um grande montante no orçamento mensal precisa parar de almoçar em restaurantes. Por lei, qualquer local de trabalho precisa ter um espaço para os funcionários almoçarem. Portanto, se você quer se alimentar melhor e poupar precisa almoçar em casa (para aqueles  que podem), ou levar marmita para o trabalho. Lembre-se, a opinião alheia não importa, e outra coisa, creio que diversas pessoas optam por esta saída.

Levar marmita para o trabalho lhe permite deixar de pagar vinte e cinco reais no quilo da comida e passar a pagar um, dois reais, se tanto. 
Levar a quentinha para o serviço também lhe permite fazer substituições chave na sua alimentação básica. Sabe? Trocar o arroz comum por arroz integral. Trocar fritura ou carnes feitas em óleo barato e reusado por um bife grelhado no azeite. 
Permite que você coma menos, pois não faz o seu prato com fome pegando três tipos de mistura diferentes. 
Você come um bife, uma porção de arroz com feijão e alguma salada. *

A segunda regra prática do manual do frugal é: Elimine calorias vazias.

Antes de mais nada, o que são calorias vazias? Calorias vazias são alimentos que não possuem nenhum valor nutricional e não trazem nenhum benefício para a sua saúde, muito pelo contrário. Por mais inexplicável que pareça estas calorias vazias são os maires vilões na mesa, no corpo e no bolso das pessoas. 

O que vejo de gente tomando de café da manhã pão francês com mortadela e requeijão achando que está se alimentando bem não tem desculpa. A mortadela custa uma fortuna, e o requeijão nem se fala. Provavelmente este sujeito nem sabe o preço exato da mortadela e do requeijão, ele vai só pegando.

Nos carrinhos de supermercado o que mais vejo são refrigerantes, chocolates, bolachas, salgadinhos, embutidos e os mais diversos tipos de calorias vazias. Como um sujeito que faz contas no fim do mês para pagar a conta de luz pode gastar tanto dinheiro com veneno para o seu corpo?

Não é preconceito nenhum, mas os carrinhos de pessoas mais humildes são os que mais possuem alimentos caros e cheios de gordura saturada. Infelizmente isto chama-se falta de informação. Vá no supermercado Extra, por exemplo, e depois ao Pão de Açúcar e notará o que eu estou falando. Assim como não existe educação financeira, também não existe em lugar nenhum uma educação na hora de se alimentar e aí que surgem pessoas dizendo:

- Não sei porque eu não emagreço. Me alimento bem.

E o sujeito come pão com presunto de manhã. Almoça um monte de arroz com feijão. A tarde se empantufa de barrinhas de cereal e de noite um prato de macarrão.

A terceira regra prática do manual do frugal é: Aprenda a se alimentar como obrigação.

O que me ajudou muito neste processo de melhora na hora de se alimentar foi deixar de pensar na comida como um prazer, ou uma fuga. Comida é obrigação assim como respirar. Meu corpo não continua se eu não respirar e também não continua se eu não me alimentar.
Se eu deixo de pensar nas refeições como prazer eu passo a procurar o melhor para o meu corpo. Meu corpo não precisa de uma porção de óleo, sódio, gordura saturada  do Burguer King. Isto é veneno. Eu não vou respirar o escapamento de um carro, então porque eu iria me alimentar de veneno.
Quando você deixa de pensar em alimentação como fuga e prazer você deixa de encarar as refeições como arroz, feijão, bife e etc. Você passa a encarar as refeições pensando:
Meu corpo precisa de uma porção de proteína, uma porção de carboidratos, glicose, fibras, cálcio, vitamina B12, etc e etc.
Não vou mentir. isto é extremamente difícil e as vezes você realmente precisa de uma fuga e um momento para chutar o balde, porém conforme o tempo vai passando estas atitudes vão se tornando hábitos e o corpo vai se acostumando, como ele sempre se acostuma.

A quarta regra prática do manual do frugal é: Faça compras no atacado.

Esta dica fala por si só. Escolha um quartinho na sua casa para estocar itens não perecíveis  ou de grande validade e utilize o máximo das compras por atacado. Posso dizer tenho itens essenciais para limpeza para uns seis meses. Tenho uma garrafa de azeite de dois litros e peitos de frango no freezer para uns três meses.
Não tem segredo, você estipula um cardápio, e os produtos que usa no dia a dia e faz as compras pensando nesta lista. Em alguns casos a economia chega a quarenta porcento e a outra grande vantagem é que se houver algum apocalipse zumbi e tenho alimento em casa para uns três meses.

A quinta regra prática do manual do frugal é: Não compre por marcas ou por status. 

Outra dica que fala por si só, inclusive eu acho que o pobretão de vida ruim falou disso em algum momento em seu blog. Conforme você vai amadurecendo vai aprendendo que o mesmo suco Del Vale que você paga trinta reais a latinha pode ser comprado por três reais se você escolher a marca Kapo. O mesmo iogurte da Danone que você paga doze reais pode ser consumido por quatro se você escolhe a marca Coop.
Talvez um seja um pouco mais gostoso do que o outro, mas isto é irrelevante se você segue a dica três.

Bom, eu creio que consegui mostrar algumas boas dicas para você que quer se alimentar de forma saudável gastando pouco dinheiro. No próximo post eu falarei sobre os objetivos que alguém pode perseguir ao se alimentar, tentarei ajudar aqueles que perseguem algum objetivo específico, abrirei para vocês o meu cardápio detalhando cada alimento e porque o coloquei ali e tentarei listar algumas necessidades do seu corpo e quais as alternativas mais baratas para atendê-las.